Ayahuasca no tratamento do câncer?

Estudo preliminar publicado na revista SAGE Open Medicine sugere que droga pode ter efeitos terapêuticos reais. Hipótese precisa ser testada em novas pesquisas
Estudo preliminar publicado na revista SAGE Open Medicine sugere que droga pode ter efeitos terapêuticos reais. Hipótese precisa ser testada em novas pesquisas

Por Eduardo Schenberg, no blog Plantando Consciência
O artigo completo (em inglês) pode ser lido gratuitamente online ou baixado em pdf [ neste link ].

O artigo começa com uma revisão de nove casos descritos em artigos científicos, sites, livros e palestras, de pessoas com câncer que declaram ter se beneficiado do uso da ayahuasca em seus caminhos de cura. Estes pacientes têm ou tiveram câncer de próstata, ovário, útero, estômago, mama, cólon e também no cérebro. Ao menos 3 casos incluem melhoras detectadas em exames clínicos tradicionais, como os níveis de PSA (Prostate-Specific Antigen) ou o CEA (CarcinoEmbryonic Antigen). Em alguns casos, os pacientes se trataram apenas com ayahuasca; outros, fizeram cirurgia primeiro e depois, ao invés da quimioterapia, optaram por rituais de cura com o chá. Apenas um dos casos foi considerado uma piora pelos pesquisadores que o relataram, mas infelizmente eles não forneceram detalhes sobre o caso.

São revisados os aspectos farmacológicos dos princípios ativos da ayahuasca – em especial da DMT e da Harmina – que podem estar relacionados ao tratamento de câncer. Receptores, segundos mensageiros, vias de apoptose (morte celular) e processos energéticos mitocondriais são cuidadosamente considerados. Em seguida, são incluídos experimentos com os princípios ativos em células, tecidos e animais.

Considerando-se os efeitos de seus princípios ativos estudados em laboratório, é possível que a ayahuasca diminua o fluxo sanguíneo ao redor de tumores, diminua a proliferação celular, ative vias de morte celular programada em células cancerígenas, e mude o metabolismo energético das células cancerígenas, como esquematizado na figura. A comprovação de tais efeitos, entretanto, ainda necessita de muitas outras investigações.

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Proteína extraída da árvore inibe crescimento e migração de tumores

Dose de quimioterápico necessária para matar célula cancerígena foi cem vezes menor quando associada a proteína

Enterolobium contortisiliquum, nome científico da orelha-de-macaco * Foto: Carol Sencebe / Wikimedia Commons
Enterolobium contortisiliquum, nome científico da orelha-de-macaco * Foto: Carol Sencebe / Wikimedia Commons

Uma proteína extraída da semente de árvores da espécie Enterolobium contortisiliquum – popularmente conhecida como tamboril ou orelha-de-macaco – demonstrou em ensaios pré-clínicos potente ação antitumoral, anti-inflamatória, anticoagulante e antitrombótica.

Os testes in vitro e em animais foram realizados no âmbito de um Projeto Temático apoiado pela FAPESP e coordenado por Maria Luiza Vilela Oliva, professora na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Os resultados foram apresentados durante a 28ª Reunião Anual da Federação de Sociedades de Biologia Experimental (FeSBE), realizada em Caxambu (MG) entre os dias 21 e 24 de agosto.

Nomeada de EcTI (Enterolobium contortisiliquum inibidor de tripsina, na sigla em inglês), a proteína foi isolada por Oliva ainda durante seu doutorado, no fim dos anos 1980.

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VI Simpósio Iberoamericano de Plantas Medicinais

O VI Simpósio Iberoamericano de Plantas Medicinais, será realizado no ano de 2012 na Universidade Estadual de Ponta Grossa (PR), nos dias 13 a 15 de junho de 2012, estando atrelado à comemoração dos 75 anos do Colégio Agrícola Augusto Ribas/UEPG.

O evento consiste em uma das principais atividades formativas da Rede Iberoamericana de Estudo e Aproveitamento Sustentável da Biodiversidade Regional de Interesse Farmacêutico (RIBIOFAR/CYTED/CNPq).

Objetiva oportunizar encontro para atualização, integração e reflexão de docentes, pesquisadores, estudantes de graduação e pós-graduação, além de profissionais que atuam na área de Ciências Farmacêuticas e demais áreas afins, com ênfase em plantas medicinais, através da participação (palestras, mini-cursos e pôsteres) de renomados pesquisadores de diferentes países iberoamericanos que abordarão os diversos temas que envolvem a pesquisa multidisciplinar com plantas medicinais.

Confira a [ Programação ] e demais atividades do evento em VI SIPM.

Prof. Dra. Dionezine de Fátima Navarro
Coordenadora do VI Simpósio Iberoamericano de Plantas Medicinais (UEPG – PR)

Prof. Dr. Paulo Vitor Farago
Chefe da Pós Graduação em Ciências Farmacêuticas (UEPG)

Prof. Dr. Valdir Cechinel Filho
Coordenador da RIBIOFAR/CYTED/CNPq (UNIVALI – SC)

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“A Máfia Médica" – entrevista com Ghislaine Lanctôt

Dra. Ghislaine Lanctôt

“A Máfia Médica” é o título do livro que custou à doutora Ghislaine Lanctot a sua expulsão do colégio de médicos e a retirada da sua licença para exercer medicina. Trata-se provavelmente da denuncia, publicada, mais completa, integral, explícita e clara do papel que forma, a nível mundial, o complot formado pelo Sistema Sanitário e pela Industria Farmacêutica.

O livro expõe, por um lado, a errónea concepção da saúde e da enfermidade, que tem a sociedade ocidental moderna, fomentada por esta máfia médica que monopolizou a saúde pública criando o mais lucrativo dos negócios.

Para além de falar sobre a verdadeira natureza das enfermidades, explica como as grandes empresas farmacêuticas controlam não só a investigação, mas também a docência médica, e como se criou um Sistema Sanitário baseado na enfermidade em vez da saúde, que cronifica enfermidades e mantém os cidadãos ignorantes e dependentes dele. O livro é pura artilharia pesada contra todos os medos e mentiras que destroem a nossa saúde e a nossa capacidade de auto-regulação natural, tornando-nos manipuláveis e completamente dependentes do sistema.

A seguir, uma bela entrevista à autora, realizada por Laura Jimeno Muñoz para Discovery Salud:

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Dráuzio Varella e a Fitoterapia no Brasil II

Não há porque envergonhar-se de tomar do povo o que pode ser útil à arte de curar.
Hipócrates (460-380 a.C.)

por Douglas Carrara

Há muito tempo a Antropologia se recusa a utilizar categorias inadequadas para estudar e compreender o pensamento popular à respeito da saúde e da medicina. Os folcloristas no passado se referiam à medicina popular como superstições, crendices, práticas consideradas abomináveis por médicos ou pessoas de formação acadêmica. Esta rejeição pejorativa do pensamento popular ocorre sem nenhuma análise de sua função social, já que as práticas da medicina popular necessitam melhores observações e não podemos destacá-las pura e simplesmente sem estudar o seu contexto cultural, sem participar da vida, da interação com aqueles que nos deram os informes, geralmente extraídos e exibidos em função de sua estranheza ou seu exotismo. (1)

Muitas práticas consideradas crendices no passado, atualmente são plenamente explicáveis cientificamente. O uso da laranja mofada ou do queijo embolorado, por exemplo, para tratar feridas tem sido uma prática muito mais antiga do que a descoberta da penicilina por Fleming em 1932. Atualmente sabemos que a laranja abandonada no fundo do quintal, quando apodrece é atacada por um fungo do mesmo gênero (*) do bolor utilizado por Fleming para produzir o primeiro antibiótico. E o raizeiro raspa a casca da laranja onde estava o bolor e passa externamente nas feridas crônicas. Em pouco tempo a inflamação cede e começa o processo de recuperação do paciente. Da mesma forma, em Cesárea, antiga cidade fundada pelos romanos, os armênios tratavam as feridas atônicas, cobrindo-as com queijo mofado, também produzido por um bolor semelhante ao bolor que deu origem à penicilina.

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