Pesquisadora explica como o THC mata células cancerosas

Pesquisadora explica como o THC mata células cancerosas

HIGH TIMES – 19/02/2014

Transcrição do vídeo traduzida para o português

“Meu nome é Cristina Sanchéz e eu trabalho na Universidade Complutense de Madri, na Espanha. Eu tenho trabalhado na última década estudando os efeitos antitumorais dos canabinóides.

No início dos anos 60, o pesquisador israelense Raphael Mechoulam caracterizou o componente da maconha responsável pelos seus efeitos psicoativos, o THC. Após a descoberta deste composto, tornou-se óbvio que o THC deveria agir sobre as células ou sobre o organismo através de um mecanismo molecular. Nos anos 80, dois receptores específicos para o THC foram descobertos, denominados receptores canabinóides.

Após a descoberta destes receptores, tornou-se óbvio que nosso corpo sintetiza algo, endogenamente, que se liga a eles. Há poucos anos atrás, alguns destes compostos endógenos foram identificados e foram chamados de endocanabinóides, porque são produzidos endogenamente, dentro de nossos corpos. Estes compostos, os endocanabinóides, juntamente com os receptores canabinóides, são chamados de sistema endocanabinóide, e hoje nós sabemos que este sistema regula várias funções biológicas, como o apetite, comportamento motor, a reprodução e muitas outras funções biológicas, e é por isto que a maconha possui amplo potencial terapêutico.

Nós começamos a trabalhar neste projeto há 12-15 anos atrás. Nós observamos que quando tratamos células tumorais com canabinóides, como o THC, o principal componente psicoativo da Cannabis, nós matamos estas células, então, nós nos deparamos com uma resposta antitumoral. Assim, nós decidimos analisar os canabinóides em modelos animais para o câncer de mama e cérebro. Os resultados que nós obtivemos dizem que os canabinóides podem ser úteis no tratamento do câncer de cérebro e mama.

Nós começamos a desenvolver experimentos em modelos animais para tumores cerebrais (glioblastomas) e nós observamos que os canabinóides são potentes na diminuição do crescimento destes tumores, ocorre morte de células tumorais de diferentes formas e, após a administração dos canabinóides, elas entram em declínio, cometendo suicídio (apoptose), que é algo que você realmente quer quando você tem um tumor.

Uma das vantagens no tratamento do câncer com canabinóides é que eles atacam especificamente as células tumorais. Eles não têm nenhum efeito tóxico nas células normais saudáveis, e esta é uma grande vantagem em relação ao tratamento padrão com quimioterápicos, que atacam basicamente todas as células.

Quando nós começamos a verificar estas propriedades antitumorais nas células cancerosas, nós resolvemos desenvolver estudos metabólicos focando no câncer.

Nos EUA, Cannabis é uma substância classificada no anexo 1 (substâncias sem aplicação médica), e está muito claro, o que é reconhecido por muitos outros pesquisadores, que a planta possui potencial terapêutico. Nós estamos em contato com médicos, oncologistas espanhóis, especialistas em tumores cerebrais e de mama, com o objetivo de testar canabinóides em pacientes humanos.

A maconha, além do THC, produz canabidiol. Este composto é muito especial porque ele não é psicoativo e tem demonstrado uma forte ação antioxidante, protege o cérebro do estresse e de danos, mata células cancerosas e, combinado com o THC, possui efeitos sinérgicos, o que significa que os efeitos benéficos do THC são potencializados.

Neste momento nós temos evidências clínicas suficientes para embasar a ideia de que os canabinóides possuem efeitos antitumorais.

Cannabis possui enorme potencial medicinal.”

http://www.hightimes.com/read/biologist-explains-how-thc-kills-cancer-cells

Autor: Anderson Porto

Desenvolvedor do projeto Tudo Sobre Plantas

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