Livro gratuito faz resgate cultural de receitas com plantas nativas do Brasil

Com quase 1000 páginas, 335 receitas ilustradas e organizadas em regiões do Brasil, o livro Biodiversidade brasileira: sabores e aromas traz uma imensidão de oportunidades de conhecer as espécies da flora do país inteiro através do paladar. A obra é fruto da colaboração de várias instituições públicas, setor privado e dezenas de pesquisadores como parte do projeto Biodiversidade para Alimentação e Nutrição – BFN. Tem ainda como editores Raquel de Andrade Cardoso Santiago e Lidio Coradin.

As receitas foram criadas por chefs profissionais com o objetivo de resgatar valores regionais, para que as pessoas possam desfrutar o máximo de cada alimento originárias de espécies nativas brasileiras. Receitas de pratos principais, guarnições, sobremesas e bebidas são acompanhadas de dicas de higienização e preparo, informações nutricionais e tabelas de medidas.

Confira algumas imagens:

O livro é gratuito e está disponível para download. Clique aqui para baixar ou acesse o site do ministério do meio ambiente no endereço: https://www.mma.gov.br/publicacoes/biodiversidade/category/54-agrobiodiversidade.html?download=1584:biodiversidade-brasileira-sabores-e-aromas.

SANTIAGO, Raquel de Andrade Cardoso; CORADIN, Lidio (Ed.). Biodiversidade brasileira: sabores e aromas. Brasília, DF: MMA, 2018. (Série Biodiversidade; 52). Disponível em: . Acesso em: 01/06/2020

Fotossíntese – Entenda de uma vez por todas o processo bioquímico mais importante do planeta. PARTE 2

Fotossíntese, um processo de produção de alimento e liberação de oxigênio na atmosfera, que sustenta toda a vida na terra.

Eis aqui a segunda parte da explicação definitiva sobre a fotossíntese. Decidi por dividir em duas partes pelo fato de que o estudo da fotossíntese tradicionalmente já é dividido em ‘fase clara’ (assunto do primeiro post) e ‘fase de assimilação do carbono’ (que veremos hoje) e também porque quis facilitar o entendimento.

Se você não leu a PARTE 1 aqui está um resumo: (Porém recomendo fortemente que você leia o primeiro post para que o entendimento seja completo) Os animais obtém energia da comida. As plantas obtém energia através da água e da luz do sol. A energia da luz do sol quando atinge a clorofila e outros pigmentos acessórios é absorvida. Esses pigmentos estão organizados em fotossistemas, que estão localizados na superfície dos tilacoides que se localizam dentro dos cloroplastos, captam a energia coletada pelos pigmentos e as armazenam em NADPH. Na fase 2, a planta usará essa energia que está no NADPH para outros processos bioquímicos que não dependerão mais de luz.

Então vamos lá…

A fase de assimilação do carbono é a etapa da fotossíntese onde a planta usa o carbono na construção de compostos úteis. A planta usa esses compostos para crescer, gerar unidades reprodutivas (soros, flores, frutos, etc), gerar reservas, hormônios ou outras moléculas, etc.

O carbono, simbolizado pela letra C, é um elemento químico da natureza assim como o oxigênio(O), hidrogênio(H), ouro(Au), ferro(Fe), enxofre(S), etc. O carbono existe na natureza de muitas formas. As plantas usam o carbono na forma de gás carbônico, simbolizado por CO2, que está presente na atmosfera. O gás carbônico é uma molécula formada por 2 átomos de oxigênio e 1 átomo de carbono. O CO2 entra nas plantas por pequenas aberturas que existem nas folhas chamadas de estômatos. Quando o CO2 entra na folha ele é capturado pelas células vegetais.

Figura 1: Fotografia de estômatos visto por microscópio com auxílio de corantes.
Créditos da imaegm (com alterações): Karl Az / CC BY (https://creativecommons.org/licenses/by/4.0).

Dentro da célula, o CO2 é capturado por uma outra molécula, chamada Rubisco. A Rubisco é responsável por pegar esse Carbono, separar das moléculas de Oxigênio e construir estruturas mais complexas de acordo com a necessidade da planta. Uma dessas estruturas é o 3-fosfoglicerato. Lembra do NADPH que explicamos na parte 1? O NADPH doa sua energia que ele ganhou lá na fase 1 para o 3-fosfoglicerato que então se transforma no 1,3-bifosfoglicerato. Esse novo composto vira amido, que é uma substância de reserva de energia, ou vira açúcar (sim, açúcar mesmo como a cana-de-açúcar) para ser transportado até as regiões de crescimento da planta.

Já o NADPH quando perde sua energia vira um NADP+ e volta para a parte 1 para trazer mais energia.

Além desses compostos a fotossíntese também produz gás oxigênio(O2) ainda na parte 1 quando são quebradas as moléculas de água. O O2 é liberado na atmosfera e é usado pelos animais na respiração. Os animais não conseguem produzir o próprio alimento. Então, eles tem que consumir outros animais para obter energia, esses animais consomem outros animais que consomem plantas.

As plantas estão na base da cadeia alimentar. Fabricam e fornecem os compostos orgânicos energéticos para os outros níveis da cadeia. Os animais degradam esses alimentos usando o oxigênio e liberam o gás carbônico na atmosfera. O mesmo gás carbônico que será usado novamente pelas plantas para produzir seu alimento.

Figura 2: Representação da cadeia alimentar.
Créditos da imagem(com alterações): Food Chain Vectors by Vecteezy

Assim se completa a parte 2, a fase de assimilação do carbono e o ciclo da fotossíntese. O processo bioquímico mais importante da Terra. Alguns detalhes foram omitidos para melhorar o aprendizado. Se você ficou com alguma dúvida, algum termo não está claro, quer mais detalhes de como a energia percorre a planta, sugestões, críticas ou qualquer outra coisa, comenta aqui embaixo ou me chama no instagram: https://www.instagram.com/ser_ponte/?hl=pt-br. Será um prazer te ajudar a entender esse processo bioquímico espetacular.

Fotossíntese – Entenda de uma vez por todas o processo bioquímico mais importante do planeta. PARTE 1

A fotossíntese, um processo de produção de alimento e liberação de oxigênio na atmosfera, que sustenta toda a vida na terra.

Todos os seres vivos precisam de energia para realizar suas funções básicas: correr, voar, respirar, reproduzir, sobreviver… Os animais obtém a energia para sobreviver dos alimentos consumidos, já as plantas obtém a energia da água. Só que, simplesmente água não fornece toda a energia necessária para a planta. Os organismos fotossintetizantes, capturam a energia complementar da luz do sol.

A fotossíntese é realizada por plantas, algas e alguns tipos de bactérias. É o processo bioquímico mais importante da terra pois produz carboidratos para toda a cadeia alimentar, já que os organismos produtores estão na base dessa cadeia. Essa explicação foi dividida em duas partes, por dois motivos. O primeiro que o processo da fotossíntese já é tradicionalmente dividido em duas fases. A primeira chamada ‘fase clara da fotossíntese’, pois é dependente de luz e a outra chamada de fase de assimilação de carbono(antigamente chamada fase escura) que não depende diretamente de luz. O segundo motivo é devido ao fato de que como você vai entender a fotossíntese de verdade, para nunca mais esquecer, vamos devagar para não confundirmos os termos.

A fase clara da fotossíntese (que você vai aprender hoje) começa na absorção da energia da luz do sol até a sua armazenagem em NADPH que são moléculas, estruturas presentes na planta bem pequenas, responsáveis por guardar a energia captada para ser usada na fase 2, a fase de fixação do carbono que aprenderemos no próximo episódio. O objetivo desses dois artigos é fazer você, amigo leitor ou amiga leitora, amante das plantas, estudante ou mero curioso da ciência botânica entender um processo vital para a sobrevivência de todos os seres vivos. Se algum termo ou procedimento ficar confuso. Deixe sua dúvida nos comentários, ajude a deixar o texto cada vez mais claro para que todo mundo entenda.

Então vamos lá…

A fotossíntese em plantas ocorre nos cloroplastos.

Os cloroplastos são estruturas microscópicas presentes dentro das células dos vegetais que podem variar em forma, mas por padrão são levemente achatadas e arredondadas e verdes.

Figura 1 – Fotografia de células vegetais fotossintetizantes vistas por um microscópio. Em cada célula existe um aglomerado de vários cloroplastos que são essas estruturas circulares dentro das células.

Internamente, o cloroplasto contém bolsas que são achatadas (parecem moedas), chamadas de tilacoide. Os tilacoides estão organizados em pilhas. Essas pilhas são chamadas de grana. Em volta das granas existem o estroma que é um líquido que preenche o cloroplasto. Na superfície dos tilacoides, chamada de lamela, estão os pigmentos. Os pigmentos são vitais para a planta captar energia do sol. Observe as imagens.

Figura 2 – Representação gráfica de um cloroplasto. Dentro de um cloroplasto existem os tilacoides que contém pigmentos na sua superfície. Os pigmentos captam a energia da luz do sol.
Créditos da imagem: brgfx/Freepik

Vamos devagar. Pare um pouco e analise bem as imagens. Saber o que são e como são os cloroplastos é fundamental para entender como ocorre a fotossíntese. Na lamela, é onde se localiza os pigmentos que captam a energia da luz do sol.

Continuando… O papel da luz

Figura 3: Plantas recebendo luz do sol.
Imagem de My pictures are CCO. When doing composings: por Pixabay

O sol irradia para nosso planeta calor e luz. A luz é um tipo de onda eletromagnética. Não é necessário saber o que é onda eletromagnética, mas é importante saber que dos tipos de onda eletromagnética a luz é daquela do tipo visível. Tudo que nós enxergamos são absorções de ondas de luz que refletem nos objetos e alcançam nossos olhos, ou seja, a luz bate nos objetos é refletida e absorvida pelos nossos olhos.

A luz que vem do sol é da cor branca. Pode não parecer, mas é branca. Você já viu um arco-íris? Um arco-íris é formado quando a luz branca do sol passa pelas gotas de água da chuva e tem suas cores separadas em sete cores, vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta. Uma luz branca é o conjunto das luzes dessas cores.

Figura 4- Um feixe de luz branca tem suas cores divididas quando atravessam um prisma.
Créditos da imagem: Abstract Vectors by Vecteezy.

Quando vemos um objeto azul, na verdade aquele objeto absorveu todas as cores e refletiu apenas a azul que alcançou nossos olhos. Uma folha é verde pelo fato da planta, quando recebe a luz branca do sol, absorve todas as outras cores e reflete apenas a cor verde que alcança nossos olhos e vemos a folha como verde. E o mais importante, através das ondas de luz o sol transmite energia. Aonde estou querendo chegar? Você vai entender agora.

Os pigmentos localizados na lamela dos tilacoides são as estruturas das plantas que absorvem a energia da luz do sol. E o pigmento mais importante é a clorofila. A clorofila é um pigmento de cor verde (absorve todas as cores do espectro e reflete apenas a cor verde) e está localizada na lamela dos tilacoides dentro dos cloroplastos das células vegetais. É o pigmento mais abundante e o mais importante pelo fato de absorver as faixas de luz das cores azul a violeta que são as ondas com mais energia, mas também absorve as luzes amarelas e vermelhas. Entretanto a clorofila não trabalha sozinha. Existem pigmentos acessórios, chamados de carotenoides, que absorvem faixas de luz que a clorofila não alcança. Você já deve ter ouvido falar deles. β-caroteno (lê-se beta-caroteno) e a luteína são carotenoides que estão envolvidos em pesquisas médicas das mais variadas.

Os cloroplastos e os seus pigmentos acessórios estão organizados numa estrutura chamada fotossistema. Pense nessa estrutura como um funil. As paredes do funil são compostas por centenas de cloroplastos e carotenoides que recebem a energia do sol e ‘escoam’ a energia para o centro do funil onde se localiza um tipo especial de cloroplasto chamado ‘centro de reação’. O cloroplasto do centro de reação é responsável por guardar toda a energia coletada pelo fotossistema. As plantas têm dois tipos de fotossistema. O fotossistema 2 conhecido também por PSII e o fotossistema 1, o PSI. A energia coletada passa pelos fotossistemas e é armazenada em elementos microscópicos chamados NADPH. O NADPH, então leva a essa energia para ser usada na parte 2 da fotossíntese.

Resumindo: os animais obtém energia da comida. As plantas obtém energia através da água e da luz do sol. A energia luz do sol quando atinge a clorofila e outros pigmentos acessórios é absorvida. Esses pigmentos estão organizados em fotossistemas, que estão localizados na superfície dos tilacoides que se localizam dentro dos cloroplastos, captam a energia coletada pelos pigmentos e as armazenam em NADPH. Na fase 2, a planta usará essa energia que está no NADPH para outros processos bioquímicos que não dependerão mais de luz.

Assim se completa a parte 1, a fase clara da fotossíntese. Alguns detalhes foram omitidos para melhorar o aprendizado. Se você ficou com alguma dúvida, algum termo não está claro, quer mais detalhes de como a energia percorre a planta, sugestões, críticas ou qualquer outra coisa, comenta aqui embaixo ou me chama no instagram: https://www.instagram.com/ser_ponte/?hl=pt-br. Será um prazer te ajudar a entender esse processo bioquímico espetacular.

Link para a PARTE 2: https://tudosobreplantas.wordpress.com/2020/05/18/fotossintese-entenda-de-uma-vez-por-todas-o-processo-bioquimico-mais-importante-do-planeta-parte-2/

Impactos da pandemia do novo coronavírus na conservação da biodiversidade

Estudo publicado na revista Biological conservation aponta os impactos e as perspectivas do futuro da conservação das formas de vida pós-COVID-19.

Cientistas renomados da área da conservação biológica, editores da revista Biological conservation se reuniram para tentar apontar os impactos do novo coronavírus na biodiversidade. O resultado foi um artigo intitulado “Impacts of the coronavirus pandemic on biodiversity conservation” publicado hoje na revista já citada. O artigo é de autoria de Richard T. Corlett, e colaboradores do mundo todo. Entre estes, Richard B. Primack, Bea Maas, Rafael Loyola e Anna Pidgeon e está disponível em https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S000632072030495X?via%3Dihub .

O blog Tudo Sobre Plantas traz até vocês uma versão traduzida do artigo em tradução livre.

O artigo conta que, a primeira grande influência da pandemia na ciência da biologia da conservação está relacionada ao ensino. Aulas e cursos de biologia da conservação são agora transmitidas pela internet, mas como essa é uma ciência aplicada, como a medicina por exemplo, os alunos e pesquisadores futuros terão um déficit de aprendizagem do conteúdo. As consequências vão depender do tempo que o confinamento persistir e o quanto as atividades praticas podem ser adiadas. A formação também vem sendo comprometida, provas e entregas de diplomas estão sendo adiados, assim como entrevistas de emprego e editais de projetos de pesquisa e parcerias desfeitas. Até mesmo as oportunidades de voluntariado em fundações e ONG’s de conservação surgiam como locais de aprendizado, mas que não oferecem mais essa opção. Tudo isso pode causar a perda de profissionais e novos interessados para áreas mais atrativas ou que pagam melhor. Por outro lado, os cientistas contam também que essa situação pode atrair os jovens interessados que entendem da relação entre conservação do meio ambiente e saúde.

O segundo impacto está ligado a manutenção das pesquisas que vinham acontecendo. Idas à campos de pesquisa foram canceladas e laboratórios fechados. Viagens para congressos e consolidação de parcerias se tornaram impossíveis. Perder pesquisas é também perder as oportunidades de identificar as prioridades da conservação, monitorar o estado das espécies ameaçadas e prover soluções para proteção e uso sustentável dos recursos naturais.

A iminente recessão mundial também diminuirá a verba destinada à pesquisas direcionadas para a conservação da biodiversidade. Essa área da ciência provavelmente não estará em primeiro plano nos projetos para reerguer as economias. Os cientistas ambientais têm que atuar para convencer do porque essa área necessita de investimentos.

Congressos e eventos científicos a médio prazo foram cancelados. O contato de forma remota pode até servir para eventos menores, mas os grandes congressos, grandes encontros que aconteciam com milhares de cientistas para trocar ideias e experiências não tem como acontecerem por internet, com perdas mais significantes para estudantes e jovens pesquisadores. Entretanto, de certa forma, a crise criou a necessidade e oportunidade para os cientistas conversarem mais entre si. Reuniões governamentais globais também, importantíssimas para criar diretrizes para os governos, estão ameaçadas de não acontecerem

É difícil apontar como as formas de vida estão sobrevivendo durante a pandemia, mas estudos prévios apontam que instituições como parques e guardas-florestais continuam trabalhando em prol da conservação. Somado a isso, tem acontecido uma redução da pressão humana sobre as espécies selvagens. Espécies estão sendo revistas em zonas rurais e urbanas que não eram vistas a muitos anos à medida que o tráfego humano diminui. Imagens de satélite mostram a diminuição de emissões de gases do efeito estufa em áreas afetadas pela covid-19.

Concentrações de dióxido de nitrogênio no leste da China de 1 a 20 de janeiro de 2020 (antes da quarentena do COVID-19) e de 10 a 25 de fevereiro (durante a quarentena). Dados coletados por
Tropospheric Monitoring Instrument (TROPOMI) em ESA’s Sentinel-5 satellite. NASA Earth Observatory images by Joshua Stevens, using modified Copernicus Sentinel 5P data processed by the European Space Agency.

Este ano provavelmente vai ser um ano de diminuição das emissões de gases tóxicos na atmosfera.

Se por um lado, os índices de qualidade ambiental tendem a aumentar em curto prazo, as ONG’s e instituições que promovem a conservação tendem a terem seus recursos rareados. Entretanto, essas mesmas entidades podem ganhar novos aliados. Especialistas em infecções tem alertado há décadas do aumento de doenças infecciosas. Os argumentos destes podem servir como incentivo para estabelecimento de regulamentações mais fortes para a preservação do meio ambiente. De qualquer forma, esse evento de escala mundial pode trazer novas oportunidades para a pesquisa na biologia da conservação, a depender de como a pandemia se desenvolverá e variará entre os locais.

Para concluir, é muito cedo para prever o real impacto do novo coronavírus na biodiversidade, mas alguns efeitos já podem ser estimados: as áreas protegidas parecem seguras e, em muitos lugares, a biodiversidade está se beneficiando da redução das atividades humanas, mas se pode generalizar. O treinamento e aprendizado dos novos cientistas está comprometido e as instituições de pesquisa devem se preocupar com isso.

Os cientistas terminam contando que finalmente, embora nos concentremos aqui na conservação, esta é antes de mais uma tragédia humana, interrompendo vidas e matando muitas pessoas. As prioridades da sociedade devem ser a saúde humana e a contenção da pandemia, mas também precisamos pensar no futuro para a retomada das práticas e educação de conservação. Existe aqui uma oportunidade para lembrar as pessoas das ligações entre ecossistemas saudáveis ​​e resilientes e o bem-estar humano.

A coisa mais rara no universo só existe na Terra

No pequeno recorte da imensidão do espaço que é conhecida por nós, o ser humano já encontrou muitas maravilhas: ciclones milenares, vulcões quilométricos, galáxias brilhantes, etc. Entretanto, não encontrou em nenhum outro lugar uma coisa que só existe aqui na Terra: a vida. A vida está presente apenas nesse pálido ponto azul que flutua na periferia de uma galáxia sem destaque especial em relação às outras.

Estando na superfície do planeta temos a impressão que ele é imenso e de fato é, visto em perspectiva da escala humana. Entretanto, na escala espacial não é bem assim. Essa imagem foi capturada por uma sonda espacial, a Voyager 1, cerca de 6 bilhões de quilômetros da Terra, enquanto passava por Saturno. Aquele pontinho azul brilhante é a Terra e nós e tudo que conhecemos existe e existiu ali.

O ser humano até agora não encontrou vida em mais nenhum lugar no universo. É nosso dever proteger as formas de vida pois somos totalmente dependentes dela.
Fotografia mostrando o planeta Terra a uma distância de 6 bilhões de quilômetros registrada pela sonda Voyager 1.
Créditos: NASA/JPL-Caltech

Mesmo sendo pequena, da perspectiva espacial, essa rocha voadora abriga as únicas formas de vida conhecidas pelo homem. Vivem aqui e somente aqui. Dividimos o mesmo planeta, as mesmas águas, a mesma terra e o mesmo ar com girassóis, tigres, bacilos, planárias, caracóis, enguias, galinhas, ipês, samambaias e todas as outras formas de vida. Entretanto, o homem vive com a impressão de ser superior a todos eles e de que as outras espécies existem apenas para serví-lo e, diante dessa prerrogativa, retira, explora e toma para si os recursos naturais disponíveis na terra não levando em consideração que outras espécies também dependem daquele recurso. Além do que, a maneira que esses recursos naturais são explorados causa muita degradação ambiental sendo essa a principal causa da extinção de espécies (e são as plantas, as mais vulneráveis) dos ambientes naturais.

A forma que exploramos a Terra destrói o habitat das outras formas de vida, compromete a sobrevivência dos peixes, baobás, cactos, lagartos, ornitorrincos, etc. mas, com que direito? Por quais motivos, razões ou circunstâncias devemos colocar as nossas necessidades a frente das outras? A nossa espécie não é mais importante do que as outras e somos totalmente dependentes delas para viver. Fora isso, sendo essas as únicas formas de vida conhecidas em todo o universo, devemos protegê-las, devemos cuidar delas, devemos garantir que as espécies terão uma oportunidade de sobreviver. Elas merecem isso.

Já gastamos bem mais do que a Terra consegue produzir. A Terra não consegue mais suprir toda a demanda por recurso que o ser humano exige. A necessidade de se mudar os meios de produção é emergencial. Deixar de explorar os recursos naturais de forma descontrolada como agora é urgente para que possamos garantir a sobrevivência da nossa e de todas as formas de vida que existem no planeta.

O que é uma planta?

As plantas são seres vivos incríveis com capacidades únicas sendo muito maior que a soma de suas partes.

Você já se perguntou o que é uma planta? Pode parecer uma pergunta boba, mas não é. É fácil ter a ideia do que é uma planta. Já transformar essa ideia ou lembrança que absorvemos intuitivamente, transformar em palavras e explicar para alguém o que é uma planta é mais difícil.

Cientificamente falando, uma planta é um organismo vivo, multicelular, autotrófico (que produz seu próprio alimento) e geralmente de cor verde. Esses atributos não são fixos, ou seja, podem variar de indivíduo para indíviduo, mas são casos específicos, por exemplo: plantas parasitas que não produzem o próprio alimento. Outra definição pode ser organismo vivo pertencente ao Reino Plantae.

Entretanto as plantas possuem atributos próprios a elas que não são tão intuitivos, mas fazem com que sejam seres vivos dotados de capacidades únicas na terra.

Sésseis e fotossintetizantes

Árvores recebendo luz solar e realizando a fotossíntese

As plantas são sésseis e fotossintetizantes. Isso quer dizer que elas não têm a capacidade de se locomover como os animais. Sem locomoção, não podem sair em busca de alimento nem fugir em caso de perigo. As plantas não precisam se locomover, pois produzem seu próprio alimento através de um processo chamado fotossíntese, que converte gás carbônico e água em oxigênio e carboidrato com a energia proveniente da luz solar. Já para se defender das adversidades do clima, as estratégias usadas são várias podendo ser estruturas específicas para proteção das partes mais importantes, como as brácteas, por exemplo, ou florescer numa época do ano mais favorável. Há também a fabricação de compostos químicos que são usados para a proteção contra predadores e patógenos. Esses compostos químicos são chamados também de metabólitos secundários e o homem aprendeu a tirar proveitos deles também. A cafeína (um composto estimulante presente no café) e isoflavona ( uma substância que combate o colesterol ruim) são exemplos de metabólitos secundários.

Reprodução sexuada e vegetativa

Poda em roseira para replicação. Plantas replicadas são um exemplos de reproduções vegetativas.

As plantas têm capacidade de se reproduzirem, criar novos indivíduos, de duas formas. A partir da reprodução sexuada que acontece quando o grão de polén de uma planta encontra a oosfera de outra, ocorre a troca de material genético entre as plantas e daí, tem-se um novo indivíduo. Esse processo acontece com quase todos as espécies já registradas. Entretanto, a reprodução vegetativa é mais rara. Ela acontece quando tiramos um galhinho, uma muda, uma parte de uma planta e a cultivamos seja na água ou na terra e esse pedaço vira um nova planta. Geneticamente são a mesma planta pois tem o mesmo DNA, mas ecologicamente, são dois indivíduos diferentes.

Plasticidade fenotípica

Plantas são como água, tem alta capacidade de se moldarem ao ambiente que estão.

A plasticidade fenotípica é um fenômeno genético caracterizado pela mudança de estruturas ou hábitos dos organismos vivos de acordo com as pressões do meio ambiente. Esse fenômeno está previsto no código genético e pode acontecer com qualquer ser vivo, mas é muito mais acentuado nas plantas. Um exemplo de manifestação da plasticidade fenotípica acontece quando plantas que crescem em ambiente de pouca luz sofrem estiolamento. Esse fenômeno, proporciona a uma planta crescer nos mais diversos terrenos e ambientes e sob as mais diversas circunstâncias, ainda que não tenham todas as condições necessárias para um crescimento saudável. O bonsai é um exemplo perfeito de como as plantas podem se moldar ao ambiente à medida que crescem.

Crescimento modular

Árvore criada com peças de montar

As plantas crescem criando e unindo unidades vegetativas que se repetem nas unidades já desenvolvidas. Essas unidades são chamadas de fitômeros e são constituídos de nó, entrenó, folhas e gema axilar. Esse método de crescimento é que é o crescimento modular, que faz com que as plantas possam ter as mais variadas formas como se fossem feitas de pecinhas para montar várias esculturas diferentes com as mesmas peças. O que permite também, que possamos cortar vários ramos de uma mesma planta sem que ela morra.

Essas habilidades fazem com que as plantas sejam organismos únicos, e que são muito maiores que a soma de suas partes.

O efeito da poluição atmosférica nas plantas

Gases poluentes dos centros urbanos alteram o funcionamento normal das plantas podendo levá-las à morte.

A poluição atmosférica alcança níveis cada vez mais altos nos grandes centros urbanos. Essa poluição vem principalmente da queima de combustíveis fósseis dos automóveis e indústrias. Os poluentes atmosféricos mais nocivos para as formas de vida são: monóxido de carbono (CO), dióxido de carbono (CO2), dióxido de nitrogênio (NO2) e ozônio (O3). Esse último é vital para a sobrevivência da vida na terra por bloquear os raios ultravioletas nas camadas mais altas da atmosfera, mas quando está presente próximo a superfície terrestre é capaz de ser muito nocivo para seres humanos, animais e principalmente para as plantas. 

As plantas absorvem todos os gases que estão ao seu redor. Esses gases entram por aberturas bem pequenas nas folhas, chamadas de estômatos. Os estômatos são estruturas que permitem a planta transpirar e realizar as suas trocas gasosas. Um gás nocivo entra pelos estômatos por difusão, alcança as regiões mais internas das plantas e modificam o funcionamento normal das células vegetais. Os efeitos desses gases podem variar com o clima, idade da planta ou quantidade do gás, mas sabe-se que o ozônio tem efeitos graves como a redução da fotossíntese, do crescimento, queda de folhas, danos no caule, necroses dos tecidos, entre outros podendo até causar a morte da planta.  O gás carbônico até que é muito importante para as plantas, mas quando existe em grandes quantidades nas plantas causam alteração do pH celular podendo levar a célula à morte. 

As principais plantas atingidas são as que se encontram nas cidades em parques, praças, jardins e nas áreas urbanas por terem um maior contato direto com gases nocivos. Mas as plantas de plantações fora dos centros urbanos também são afetadas. Uma planta que cresce num ambiente com ar poluído tem menor produtividade e diminuição na sua defesa contra patógenos e eventos do clima. Essas coisas, à longo prazo, podem causar escassez e aumento do custo dos alimentos. Já a vegetação urbana é muito importante para o bem-estar e saúde humana. Já foi falado um pouco sobre isso no post sobre áreas verdes urbanas.  

Podemos evitar ou diminuir a quantidade de gases tóxicos na atmosfera com atitudes simples como diminuição da queima de combustíveis fósseis, adoção de meios de transporte mais sustentáveis, diminuição do lixo produzido e do consumo. Atitudes simples que podem contribuir para a sobrevivência de todas as plantas do globo.

Por que as folhas jovens são vermelhas?

As folhas são conhecidas por serem verdes, mas nascem vermelhas. Essa troca de cores acontece para que a planta absorva melhor a luz do sol.

Um espécime de Rosa sp. com folhas verdes maduras na parte de baixo e folhas jovens de cor vermelha na parte de cima.

As folhas, em geral, são verdes. Na verdade, folhas maduras, em geral é que são verdes. Folhas recém-nascidas ou juvenis tem uma cor variando entre o vermelho e o roxo. As folhas adultas ou maduras são verdes devido à presença de um pigmento chamado clorofila. Os pigmentos são estruturas que interceptam a energia proveniente da luz do sol para que a fotossíntese possa ocorrer. Já se sabe desde Newton, que a luz do sol, de cor branca, é resultado da soma de todas as cores que enxergamos. A clorofila, captura os comprimentos de onda do espectro visível das faixas próximas ao azul e o vermelho e reflete as ondas de cor verde que chegam aos nossos olhos e por isso, vemos as folhas na cor verde.

Folhas jovens não têm clorofila, por isso não são verdes. Sem um pigmento pra absorver a radiação solar, essas folhas podem sofrer danos severos. Nas etapas iniciais do crescimento, as células vegetais têm uma alta taxa de divisão celular. A radiação, nessa etapa de crescimento, pode causar mutações genéticas no indivíduo e produção de radicais livres e comprometer o funcionamento normal das estruturas. Por outro lado, um pigmento chamado antocianina está muito presente. A antocianina absorve os comprimentos de onda da cor verde e reflete os de cor azul e vermelha(comprimentos de onda com mais energia), o contrário da clorofila. A antocianina protege as folhas jovens da radiação solar e dos radicais livres enquanto seu aparato fotossintético ainda está em construção e dá essa cor avermelhada às folhas. Com o tempo a antocianina é completamente substituída pela clorofila à medida que as plantas e suas folhas crescem.

As antocianinas também são responsáveis em dar tons de azul e vermelho a outras estruturas das plantas como, flores, frutos e troncos. Existem pesquisas que mostram que alimentos com grandes quantidades de antocianinas como cereja, ameixa, uva, tomate, cenoura, etc. tem a capacidade de prevenir o câncer devido ao seu poder antioxidante.

Funções das áreas verdes urbanas.

Áreas verdes cumprem funções ecológicas, sociais, educativas, estéticas e psicológicas e deviam ser prioridade nos planos de ordenamento urbano.

Mais de 80% da população brasileira vive nas cidades. As áreas verdes (que não são só áreas vegetadas) originais de zonas urbanas foram e continuam sendo suprimidas para dar espaço a prédios, casas, estradas e todo tipo de construção. Essas mudanças dos componentes originais da paisagem trazem com elas as alterações do microclima urbano, como o fenômeno das ilhas de calor e ambientais como impermeabilização do solo, mudança na circulação dos ventos, poluição atmosférica, visual e sonora etc. Essa situação é comum em muitos centros urbanos do Brasil.

As áreas verdes urbanas são definidas como qualquer trecho de vegetação de qualquer tipo, rios e lagos e o sistema de espaços livres presentes nas cidades e são importantes componentes do meio urbano, pelo fato de diminuir o efeito das ilhas de calor, melhora a qualidade do ar reduzindo os índices de CO2, retém a água da chuva, previne alagamentos e deslizamentos de terra, etc.
Em relação aos valores de temperatura, podem ser até 5º C mais frescas do que em áreas sem arborização, áreas suburbanas com árvores maduras podem ser 3º C mais frescas do que em áreas sem vegetação e além disso, a água que as plantas movimentam refresca e aumenta a umidade relativa do ar.

As áreas verdes urbanas cumprem ainda mais funções, por exemplo, como local para práticas de lazer e práticas esportivas, práticas educativas extraclasse e programas de educação ambiental, diversificam a paisagem construída e contribuem para o embelezamento da cidade e proporcionam uma sensação de bem-estar. O contato com a natureza relaxa, alivia o estresse e melhora a saúde do indivíduo.

Diante disso tudo, a criação e manutenção de áreas verdes nas cidades deviam ser prioridades nas planos diretores e programas de ordenamento urbano para uma melhor qualidade de vida pra população e para todas formas de vida.