Congresso dos EUA legaliza cultivo industrial do cânhamo

Plantação de “hemp” / cânhamo – Foto: autor desconhecido.

Washington, 13 dez 2018 (AFP) – O Congresso dos Estados Unidos aprovou na quarta-feira a legalização do cultivo de cânhamo em grande escala e sua eliminação de uma lista de substâncias controladas.

“Esse é o ponto culminante de muito trabalho de muitos de nós aqui em Washington, mas na realidade a vitória é para os produtores, processadores, fabricantes e consumidores que se beneficiarão deste mercado em crescimento”, disse o líder da maioria no Senado, Mitch McConnell.

A medida “legaliza o cânhamo como um produto agrícola” e o remove da lista de substâncias controladas, enquanto permite que os pesquisadores solicitem subsídios federais e tornem o cânhamo elegível para o seguro de cultivos, explicou McConnell.

A medida foi apoiada por republicanos e democratas, que argumentaram que se trata de uma oportunidade para os agricultores americanos.

O projeto de lei foi adotado pela maioria na Câmara de Representantes por 369 contra 47, depois de ser aprovado com folga no Senado (87-13) no dia anterior.

Para entrar em vigor, a lei ainda precisa ser sancionada pelo presidente Donald Trump.

Fonte: economia.uol.com.br

Uso crônico de óleo rico em THC pode trazer riscos pra Saúde?

river

ME PERGUNTARAM SE O USO CRONICO DE ÓLEO RICO EM THC PODE TRAZER RISCOS PRA SAÚDE.
__
Paulo Fleury Teixeira*

Em primeiro lugar essa pergunta da forma como foi feita, por honestidade, deve ter uma só resposta: Sim.
Mas essa resposta seria a mesma se vc me perguntasse: o uso do óleo de CBD pode trazer efeitos negativos…? Sim
O uso da melatonina, pode? sim
O uso da vitamina C? Sim
O uso de…? Sim

Então a pergunta não deve ser essa pq ela não discrimina nada, pois, por princípio tudo na vida traz riscos e ao fim sabemos q a vida termina inexoravelmente na morte.

A pergunta mais esclarecedora seria então: quais seriam esses riscos e qual a sua frequencia, a sua incidência? Em geral as info não estão completamente disponíveis e então temos estimativas mais ou menos precisas disso.

No caso dos produtos com alto teor de thc, maconha, haxixe, óleos etc. quais seriam os riscos de longo prazo?

o q registramos é justo o contrário, em geral ocorre (grande) melhora no seu desempenho / desenvolvimento.

A primeira coisa q nos tranquiliza, sobretudo, é q não existem riscos organicos comprovados, ou seja nao existe doença ou evento (tipo infarto, avc, trombose, etc) q esteja comprovadamente relacionada/o ao uso de maconha e seus extratos.

Em nenhum sistema do nosso corpo: digestivo, cardiovascular, respiratorio, hepático, metabolico, respiratório, cancer etc… Isso é importantíssimo, qto mais qdo comparamos com os riscos e efeitos colaterais frequentes dos medicamentos q a maconha, ou o oleo rico em thc ou em cbd, pode substituir.

Os riscos estariam entao confinados ao campo psicossocial. Os riscos seriam de:

1. alterações psicquicas negativas (crises etc). Esses riscos existem e são presentes de várias formas e intensidades, na minha experiencia, seja no uso de cbd ou de thc.

Qual é o % em q eles aparecem? É dificil de estimar, mas com os dados q tenho dos ptes autistas é algo em torno de 10% dos casos q tem essas reaçoes. Mtas vezes ligadas à associação com uso de medicamentos neuropsi ou retirada desses medicamentos. E o q é mais importante e fundamental, essas crises são, em grande parte das vezes controláveis e o tto pode e deve continuar com benefícios pro paciente. Sobretudo com a retirada controlada dos outros medicamentos.

2. Perda de desempenho seja escolar ou no trabalho ou na vida social. Alega-se q o consumo intensivo de maconha está associado a alterações psicocomportamentais q resultam em perda do desempenho. Por exemplo, falta de vontade, disturbios de memória e cognitivos. Qual é o risco estimado disso ocorrer?

Não está claro e , o q é mais importante para nós, curiosamente esses problemas não tem sido identificados na literatura sobre o uso medicinal (não q eu saiba) e, em nossos pacientes crianças e adolescentes, por exemplo epiléticos e autistas, o q registramos é justo o contrário, em geral ocorre (grande) melhora no seu desempenho / desenvolvimento, seja com o uso de cbd ou, como é a maioria dos meus pacientes, com o uso de thc.

__
* Paulo Fleury Teixeira​ é médico, pioneiro na pesquisa sobre o uso da Cannabis no Brasil e recentemente apresentou ao público os resultados do seu tratamento experimental para tratar de sinais, sintomas e distúrbios associados ao autismo.

foto: Shutterstock/Tatevosian Yana

+ infos: Uso do óleo da Cannabis gera resultados satisfatórios no tratamento do autismo

 

México legaliza o uso e cultivo da maconha para fins recreativos

  • Numa decisão histórica, os juízes privilegiaram a liberdade individual aos danos à saúde
  • Brasil entra na discussão mundial sobre a legalização do uso de drogas

1446653691_530264_1446667906_noticia_normal

O México rompeu com seu passado. A Suprema Corte de Justiça da Nação abriu as portas para a legalização da maconha para uso recreativo e sem fins lucrativos.

A histórica decisão é um passo gigantesco para um país que durante anos combateu o tráfico de drogas a sangue e fogo. Novamente, como havia acontecido com o casamento gay, foram os juízes que tomaram a iniciativa frente a uma opinião pública esmagadoramente contrária e partidos hesitantes. Neste caso, os magistrados privilegiaram a liberdade individual aos danos à saúde. E, embora a decisão circunscreva a autorização para o consumo, o cultivo e a posse aos pleiteantes, uma espécie de clube de fumantes, na prática coloca em marcha o mecanismo para uma legalização geral. Para tal reviravolta foram determinantes os progressos registrados nos Estados Unidos, mas também uma estratégia jurídica concebida para esse fim.

O acórdão da Primeira Seção da Suprema Corte é resultado de um recurso apresentado pela Sociedade Mexicana de Autoconsumo Responsável e Tolerante, uma ONG fundada em 2013 com o objetivo de forçar o debate pela via jurídica. O primeiro passo foi pedir autorização à Secretaria da Saúde. Como o consumo está tecnicamente despenalizado no México, a ONG centrou sua petição nas atividades correlatas: desde a semeadura até a preparação, o transporte e a posse. Tudo isso com fins recreativos, sem qualquer ânimo de lucro. A proposta foi rejeitada pela Administração, alegando que violava as leis de saúde pública. Foi quando a bola passou ao campo judicial e os litigantes fizeram sucessivos recursos de amparo até chegar à Suprema Corte.

Nessa escalada, brandiram como principal argumento o direito ao livre desenvolvimento da personalidade, protegido pela Constituição mexicana. As negativas se sucederam até que o caso caiu nas mãos do juiz Arturo Zaldívar. Considerado um dos juízes mais progressistas da Suprema Corte, esse ex-advogado e professor aprovou a petição e decidiu defender a legalização da maconha diante de seus quatro colegas da Primeira Seção, conhecida por ter apoiado o casamento homossexual. Sua proposta, em termos gerais, se baseia em que o risco da maconha para a saúde é menor ou semelhante ao do tabaco, e que sua proibição, portanto, é desproporcionada em relação ao direito constitucional à autonomia individual.

A autorização não é um cheque em branco. Os benefícios da decisão se limitam aos peticionários. Mas abre caminho para que outros cidadãos possam tomar o mesmo rumo. E essa abertura introduz, na prática, um elemento libertador na legislação. “A qualquer um que pedir, será preciso conceder o direito ao consumo com fins recreativos e sem ânimo de lucro”, diz um dos promotores. Com essa válvula de escape, de acordo com especialistas, é difícil que em poucos anos as restrições não sejam derrubadas e, como já aconteceu em quatro estados norte-americanos, se amplie o perímetro legal do consumo. Segundo produtor mundial de maconha, o México entrará então em um novo ciclo e terá que rever um regime punitivo extremamente severo com tudo o que se relaciona à maconha e que encheu as prisões de milhares de consumidores.

No campo imediato, a reação dos partidos ainda se faz esperar. Nenhum deles se opôs taxativamente à legalização. Mas a rejeição mostrada pelas pesquisas, com 70% de desaprovação, os levou a adotar muita cautela em sua maneira de enfocar a questão. Somente o PRD, a força hegemônica da esquerda, defendeu um ponto final ao “paradigma punitivo” e apostou na liberalização imediata. O PRI (no Governo) e o Morena pediram uma consulta pública e o PAN, de direita, limitou-se a propor um debate. Nessa área cinzenta, até mesmo a Igreja mostrou uma inusual frouxidão e, sem se declarar a favor ou contra, pediu uma análise desapaixonada do caso.

Essa aparente frieza influencia a percepção de que os anos de luta contra o crime organizado não trouxeram progressos significativos. Por outro lado, a loucura da violência ligada ao tráfico de drogas e a guerra extenuante contra os cartéis, que fizeram 80.000 mortos e 20.000 desaparecidos, enfraqueceram os argumentos dos desfavoráveis à regulamentação. Consciente disto, durante os debates, os partidários não deixaram de lembrar que a legalização significa um golpe para as finanças dos traficantes e uma possível redução da violência do varejo do tráfico de drogas, a mais próxima do cidadão. “O pior que pode acontecer com uma substância perigosa é que o Estado abdique de sua responsabilidade e deixe seu controle nas mãos do crime organizado”, explica Armando Santacruz, um dos vencedores da batalha legal.

Fonte: [ EL PAIS ]

Drugo

Drugo é um dragão que vive em um reino e vive cercado por pessoas. O relacionamento com ele as faz faltarem ao trabalho, esquecerem da família, se tornarem mais violentas. Até que um dia, o Rei resolve combatê-lo e decide que a melhor forma de afastar as pessoas de Drugo é bani-lo do reino.

Como era inimigo do Rei, o governante usou toda força possível em seu combate. O dragão teve de se esconder e essa situação deu origem a grupos armados que passaram a lucrar com as visitas feitas a ele às escondidas, gerando crimes e corrupção.

Entretanto, à medida que a violência aumentava, mais forte o dragão ficava. Até que um dia, pensadores se organizaram para discutir qual a melhor forma de estabelecer uma convivência pacífica entre Drugo e o reino, já que viver sem ele por perto era uma utopia.

Home

ILEGAL

ILEGAL conta a história de Katiele, uma brasileira que luta para tratar a epilepsia de sua filha de 5 anos com CBD, uma substância derivada da maconha e proibida no país.

O filme é parte do projeto REPENSE, que pretende trazer informação e debate em torno do uso da Cannabis medicinal.

APOIE O PROJETO EM: http://www.catarse.me/REPENSE

Legalização da maconha acabou com tráfico de drogas no Uruguai

legalizacao-maconha-acabou-trafico-uruguai-560

Redação – Agência Senado

No Brasil, o primeiro debate para tentar definir se a regulamentação do comércio e uso da maconha deve ser discutida como um projeto de lei no Senado aconteceu na segunda-feira (2).

O principal convidado à audiência, o secretário Nacional de Drogas do Uruguai, Julio Calzada, destacou o efeito positivo da legalização do comércio da droga sobre a criminalidade no país. Segundo ele, o narcotráfico e os crimes correlatos foram destruídos no país com uma série de medidas descriminalizadoras. Ele ressaltou que o Uruguai despenalizou o uso de drogas há 40 anos e a evolução do consumo e seus aspectos colaterais são semelhantes aos dos países que ainda criminalizam o uso.

“Temos a convicção de que um país que alcança a cidadania plena é aquele que melhor convive, e não necessariamente o que mais reprime”, afirmou.

Calzada destacou, contudo, que a liberação exige educação para evitar o hábito do consumo. No Uruguai, desde 2006, o mercado do tabaco tem sido regulado pelo Estado, com proibição da publicidade. Como resposta, o consumo de tabaco, que era de 31% entre meninos e adolescentes em 2006, caiu a 12% em 2012.

No caso da maconha, há também normas para o controle do consumo, com o registro dos usuários no momento da compra e limites para o plantio. Uma pessoa pode ter até seis pés de maconha em casa, longe de crianças, e pode haver clubes de até 45 membros com 99 plantas.

“A maioria das pessoas não vai querer plantar em casa, mas pode recorrer ao comércio legal. Isso é respeitar os direitos humanos. Mas entendemos que a maconha precisa ter controle, porque tem riscos para a saúde. É preciso uma intervenção direta do Estado para garantir que o marco legal seja respeitado, assim como seus limites”, disse Calzada.

Como ressaltou, o Uruguai acabou com o narcotráfico, mas há a consciência de que não existe a possibilidade de um mundo sem drogas. “E por que a pessoa que deseja usar a maconha para fins medicinais ou recreativos precisa se envolver com o narcotráfico, com pessoas sem escrúpulos, com a máfia? O fenômeno do narcotráfico é absolutamente econômico. No Uruguai, o mercado de maconha representava 90% das drogas ilegais em narcotráfico”.

ENQUANTO ISSO, NO BRASIL…

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF), responsável por elaborar parecer na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) à sugestão popular que define regras para o uso recreativo, medicinal e industrial da maconha fez questão de ressaltar que regulamentação não é liberação. “Nosso desafio é quebrar o tráfico e eliminar a necessidade de drogas para satisfazer o vazio que cada um sente e que leva ao uso”, disse.

Pela sugestão, enviada pelo Portal e-Cidadania, seria considerado legal “o cultivo caseiro, o registro de clubes de cultivadores, o licenciamento de estabelecimentos de cultivo e de venda de maconha no atacado e no varejo e a regularização do uso medicinal”.

Entre os que acompanhavam o debate no Senado, houve muito mais opiniões contrárias do que favoráveis à regulamentação da maconha. Por outro lado, as manifestações dos internautas pela página interativa da audiência pública foram mais favoráveis à liberação do consumo.

Fonte: [ Planeta Sustentável ]

Senhor X – depoimento de Carl Sagan sobre experiência pessoal com Cannabis

carl_sagan

por Carl Sagan

“Tudo começou há cerca de dez anos atrás. Eu chegara a um período consideravelmente mais relaxado na minha vida – um momento no qual eu passei a sentir que havia mais a viver do que a ciência, um momento de despertar da minha consciência social e amabilidade, um tempo no qual estava aberto a novas experiências.

Eu tinha amizade com um grupo de pessoas que, ocasionalmente, fumavam cannabis, de forma irregular, mas com evidente prazer. Inicialmente, eu não estava disposto a participar, mas a euforia aparente que a cannabis produzia e o fato de que não havia vício fisiológico para a planta me convenceram a tentar.

Minhas experiências iniciais foram totalmente decepcionantes; não houve efeito algum, e eu comecei a cogitar uma variedade de hipóteses sobre a cannabis ser um placebo, que funciona pela expectativa e hiperventilação, em vez de química.

Após cerca de cinco ou seis tentativas sem sucesso, no entanto, aconteceu. Eu estava deitado de costas na sala de estar de um amigo examinando ociosamente o padrão de sombras no teto expressos por um vaso de plantas (não cannabis!). De repente eu percebi que eu estava examinando uma intricada e detalhada miniatura de um Volkswagen, claramente delineada pelas sombras.

Eu era muito cético a esta percepção, e tentei encontrar inconsistências entre o Volkswagen e o que eu via no teto. Mas tudo estava lá, até as calotas, placa de licença, cromo, e até mesmo a pequena alça utilizada para a abertura do porta-malas.

Quando eu fechei os olhos, fiquei chocado ao descobrir que havia um filme passando no interior das minhas pálpebras. Flash… uma simples cena de um campo com uma casa de fazenda vermelha, um céu azul, nuvens brancas, um caminho amarelo sinuoso entre colinas verdes ao horizonte… Flash… a mesma cena, casa laranja, céu marrom, nuvens vermelhas, caminho amarelo, campos violetas… Flash… Flash… Flash.

Os flashes vieram a cerca de uma vez por cada batimento cardíaco. Cada flash trouxe a mesma cena simples em vista, mas cada vez com um conjunto diferente de cores… Matizes extraordinariamente profundos e, surpreendentemente, harmoniosos em sua justaposição. Desde então, tenho fumado ocasionalmente e desfrutado completamente.

Ela (cannabis) amplifica sensibilidades tórpidas e produz o que para mim são efeitos ainda mais interessantes, como vou explicar brevemente.

Eu posso lembrar-me de outra breve experiência visual com cannabis, na qual eu vi uma chama de vela e descobri no coração da chama, em pé com indiferença magnífica, o chapéu preto do cavalheiro espanhol que aparece no rótulo da garrafa de vinho Sandman. Olhar para o fogo na “onda”, a propósito, especialmente, através de um daqueles caleidoscópios de prisma é uma experiência extraordinariamente tocante e bonita.

Eu quero explicar que em nenhum momento eu pensei que estas coisas estavam “realmente” lá fora. Eu sabia que não havia Volkswagen no teto e não havia homem salamandra na chama. Eu não sinto qualquer contradição nestas experiências. Há uma parte de mim fazendo, criando a percepção que na vida cotidiana seria bizarra; há uma outra parte de mim que é uma espécie de observador.

Cerca de metade do prazer vem da parte-observador apreciando a obra da parte-criadora. Eu sorrio, ou às vezes até rio em voz alta das imagens no interior de minhas pálpebras. Neste sentido, suponho que a cannabis seja psicotomimética, mas sem as crises de pânico ou terror que acompanham algumas psicoses. Possivelmente, isso é porque eu sei que é minha própria viagem, e que eu posso “descer” rapidamente a qualquer momento que eu quiser.

Enquanto minhas percepções iniciais foram todas visuais, e carente de imagens de seres humanos, esses dois itens têm mudado ao longo dos anos seguintes. Acho que hoje só um baseado é o suficiente para me deixar ‘chapado’. Eu testo se estou ‘chapado’ fechando os olhos e olhando para os flashes. Eles vêm muito antes de outras alterações em minhas percepções visuais ou outras percepções. Eu penso que este é um problema de ruído de sinal, o nível de ruído visual é muito baixo com os olhos fechados.

Um outro interessante aspecto de informação teórica é a prevalência – pelo menos nas minhas imagens em flash – de desenhos animados: apenas os contornos das figuras, caricaturas, e não fotografias.

Eu acho que isso é simplesmente uma questão de compressão de informação, seria impossível compreender o conteúdo total de uma imagem a partir do conteúdo de informação de uma fotografia comum, digamos, 108 bits, na fração de segundo que ocupa um flash. E a experiência do flash é projetada, se é que posso usar essa palavra, para apreciação imediata. O artista e o espectador são um. Isso não quer dizer que as imagens não são maravilhosamente detalhadas e complexas.

Eu tive recentemente uma imagem em que duas pessoas estavam conversando, e as palavras que eles estavam dizendo formavam e desapareciam em amarelo acima de suas cabeças, em cerca de uma sentença por batimento cardíaco. Desta forma foi possível acompanhar a conversa. Ao mesmo tempo, uma palavra ocasionalmente aparecia em letras vermelhas, entre os amarelos acima de suas cabeças, perfeitamente no contexto da conversa, mas se um lembrava-se destas palavras vermelhas, eles enunciavam um conjunto completamente diferente de declarações penetrantemente críticas para a conversa. O conjunto inteiro da imagem que eu esbocei aqui, eu diria que pelo menos 100 palavras amarelas e algo como 10 palavras vermelhas, ocorreu em algo menos de um minuto.

A experiência com cannabis tem melhorado muito o meu apreço pela arte, um assunto que eu nunca tinha apreciado antes. A compreensão da intenção do artista que eu posso conseguir quando estou ‘chapado’, algumas vezes, continua quando estou “careta”. Esta é uma das muitas fronteiras humanas que a cannabis me ajudou a atravessar.

Há também alguns insights relacionados à arte – não sei se são verdadeiros ou falsos, mas eles foram divertidos de formular. Por exemplo, eu ter passado algum tempo ‘chapado’ olhando para o trabalho do surrealista belga Yves Tanguey. Alguns anos mais tarde, eu emergi de um longo mergulho no Caribe e descansei exausto em uma praia formada pela erosão nas proximidades de um recife de coral. Examinando ociosamente os fragmentos arqueados de coral de cor pastel que iam até a praia, vi diante de mim uma grande pintura de Tanguey. Talvez Tanguey tenha visitado aquela praia na sua infância.

Uma melhoria muito semelhante na minha apreciação pela música ocorreu com a cannabis. Pela primeira vez eu fui capaz de ouvir as partes separadas de uma harmonia de três partes e a riqueza do contraponto. Desde então, descobri que os músicos profissionais podem facilmente tocar muitas partes separadas simultaneamente em suas cabeças, mas esta foi a primeira vez para mim.

Novamente, a experiência de aprendizagem quando ‘chapado’ teve pelo menos até certo ponto permanecido quando estou “careta”. O prazer dos alimentos é amplificado; sabores e aromas surgem, por alguma razão, nós, normalmente, parecemos estar muito ocupados para notar. Eu sou capaz de dar a minha atenção para a sensação. Uma batata terá uma textura, um corpo, e sabor como o de outras batatas, mas muito mais.

Cannabis também aumenta o prazer do sexo – por um lado dá uma extraordinária sensibilidade, mas também por outro lado adia o orgasmo: em parte por me distrair com a profusão de imagem que passa diante dos meus olhos. A duração do orgasmo parece se alongar muito, mas esta pode ser a experiência usual de expansão do tempo que ocorre ao se fumar cannabis.

Eu não me considero uma pessoa religiosa, no sentido usual, mas há um aspecto religioso em algumas experiências. A sensibilidade em todas as áreas me dá um sentimento de comunhão com o meu entorno, tanto com seres animados, quanto inanimados.

Às vezes, um tipo de percepção existencial do absurdo toma conta de mim e eu vejo com terríveis certezas as hipocrisias e posturas minhas e dos meus semelhantes. E em outras vezes, há um sentido diferente do absurdo, uma lúdica e fantástica consciência. Ambos os sentidos do absurdo podem ser comunicados, e alguns dos picos mais gratificantes que tive foram em compartilhar conversas e percepções e humor.

Cannabis nos traz uma consciência de que nós gastamos uma vida inteira sendo treinados para ignorar e esquecer e colocar para fora de nossas mentes. A sensação de que o mundo é realmente como pode ser é enlouquecedora; cannabis me trouxe alguns sentimentos de como é ser louco, e como usamos a palavra “louco” para evitar pensar em coisas que são muito dolorosas para nós.

Na União Soviética, dissidentes políticos são rotineiramente colocados em manicômios. O mesmo tipo de coisa, um pouco mais sutil, talvez, ocorre aqui: “você ouviu o que Lenny Bruce disse ontem? Ele deve ser louco”. Quando, na experiência sob cannabis, descobri que há alguém dentro daquelas pessoas que chamamos de loucos.

Quando estou ‘chapado’, posso penetrar no passado, recordar memórias de infância, amigos, parentes, brinquedos, ruas, cheiros, sons e sabores de uma época que já desapareceu. Eu posso reconstruir atuais ocorrências de episódios de infância entendidos apenas pela metade na época. Muitas, mas não todas minhas viagens com cannabis, têm em algum lugar um simbolismo importante para mim que não vou tentar descrever aqui, uma espécie de mandala em alto relevo no alto. Associar-se livremente a esta mandala, tanto visualmente, quanto como em palavras, produz um leque muito rico de insights.

Existe um mito sobre tais ‘chapações’: o usuário tem uma ilusão de grande insight, mas ele não sobrevive ao escrutínio na manhã seguinte. Estou convencido de que isto é um erro, e que os insights transformadores alcançados, quando sob o efeito da planta, são percepções reais, o problema principal é colocar essas ideias em uma forma aceitável para nós mesmos quando estivermos tão diferentes no dia seguinte.

Algum dos mais difíceis trabalhos que já fiz foi colocar tais ideias em fita ou por escrito. O problema é que dez ainda mais interessantes ideias ou imagens se perdem no esforço de uma gravação. É fácil entender porque alguém pode pensar que é um desperdício de esforço ter todo este trabalho para colocar o pensamento no modo “careta”, uma espécie de intrusão da Ética Protestante. Mas, em quase toda a minha vida “careta”, eu tenho feito naturalmente este esforço – com sucesso, eu acho. Aliás, acho que ideias razoavelmente boas podem ser lembradas no dia seguinte, mas somente se algum esforço for feito para colocá-las “no modo careta” de outra maneira. Se eu escrever o insight “no modo careta” ou descrevê-lo a alguém, então eu posso lembrar sem assistência na manhã seguinte, mas se eu apenas digo para mim mesmo que tenho que fazer um esforço para lembrar, eu nunca faço.

Acho que a maioria dos insights que eu consegui, quando estava ‘chapado’, foram sobre questões sociais, uma área da compreensão humana muito diferente daquela pela qual eu sou geralmente conhecido. Lembro-me de uma ocasião, tomando um banho com a minha mulher, também ‘chapada’, em que eu tive uma ideia sobre a origem e invalidez do racismo em termos de curvas de distribuição gaussiana.

Foi um ponto óbvio de uma forma, mas raramente falado. Eu desenhei as curvas em sabão na parede do chuveiro, e fui escrever a ideia. Uma ideia levou a outra, e no final de cerca de uma hora de muito trabalho duro, eu descobri que tinha escrito onze ensaios curtos sobre uma ampla gama de tópicos humanos sociais, políticos, filosóficos e biológicos. Devido a problemas de espaço, não posso entrar em detalhes sobre estes ensaios, mas de todos os sinais externos, tais como reações públicas e comentários de especialistas, eles parecem conter insights válidos. Eu os usei em tratados acadêmicos, palestras públicas e em meus livros.

Mas deixe-me tentar pelo menos dar o sabor de tal visão e os seus acompanhamentos. Uma noite, ‘chapado’ de cannabis, eu estava investigando a minha infância, um pouco de autoanálise, e fazendo o que me pareceu ser um progresso muito bom. Eu, então, parei e pensei o quão extraordinário foi Sigmund Freud, que sem ajuda de drogas, tinha sido capaz de alcançar a sua própria notável autoanálise. Mas então me bateu como um trovão que eu estava errado, que Freud tinha passado a década anterior de sua autoanálise como um experimentador e divulgador das propriedades da cocaína, e pareceu-me muito evidente que os genuínos insights psicológicos que Freud trouxe para o mundo foram, pelo menos em parte, derivados de sua experiência com drogas.

Eu não tenho ideia se isso é de fato verdade, ou se os historiadores de Freud concordariam com esta interpretação, ou mesmo se tal ideia foi publicada no passado, mas é uma hipótese interessante que deveria passar pelo escrutínio no mundo “careta”.

Eu posso lembrar-me da noite na qual, de repente, eu percebi como era ser louco, ou noites nas quais meus sentimentos e percepções foram de natureza religiosa. Eu tinha uma sensação muito precisa de que estes sentimentos e percepções, escritos casualmente, não resistiriam ao escrutínio crítico habitual.

Se eu encontro, na parte da manhã, uma mensagem de mim mesmo da noite anterior, informando-me que há um mundo que nos rodeia que mal percebemos, ou que podemos nos tornar um com o universo, ou mesmo que alguns políticos são homens desesperadamente assustados, eu posso tender à descrença; mas quando estou ‘chapado’ que eu sei sobre essa descrença. E, então, eu tenho uma fita na qual eu me exorto a levar a sério tais comentários. Eu digo “Ouça com atenção, seu “filho-da-puta-da-manhã”! Esta coisa é real!”.

Tento mostrar que a minha mente está trabalhando com clareza; lembro-me o nome de um conhecido colégio que eu não havia pensado em trinta anos, eu descrevo a cor, tipografia e formato de um livro em outra sala e estas memórias passam para a crítica do escrutínio da manhã. Estou convencido de que há níveis genuínos e válidos da percepção, alcançados somente com cannabis (e provavelmente com outras drogas), que são, através dos defeitos da nossa sociedade e nosso sistema educacional, indisponíveis para nós sem essas drogas. Tal observação se aplica não apenas à autoconsciência e de atividades intelectuais, mas também para as percepções de pessoas reais, uma sensibilidade muito maior para a expressão facial, entonação, e escolha de palavras que às vezes produzem um relacionamento tão próximo, é como se duas pessoas estivessem lendo, cada uma, a mente da outra.

Há um aspecto muito bom em relação à cannabis. Cada “puxada” é uma dose muito pequena, o intervalo de tempo entre a inalação de uma “puxada” e a sensação do seu efeito é pequeno, e não há desejo de mais após a “chapação” chegar. Eu acho que a relação R, do tempo de sentir a dose tomada em relação ao tempo necessário para tomar uma dose excessiva é uma quantidade importante. R é muito grande para o LSD (que eu nunca tinha tomado) e razoavelmente curto para cannabis.

Pequenos valores de R devem ser uma medida de segurança para drogas psicodélicas. Quando a cannabis for legalizada, espero ver esta relação como um dos parâmetros impressos na embalagem. Espero que o tempo não seja muito distante, a ilegalidade da cannabis é ultrajante, um impedimento à plena utilização de uma droga que ajuda a produzir a serenidade e discernimento, sensibilidade e companheirismo tão desesperadamente necessários neste mundo cada vez mais louco e perigoso.

Carl Sagan.

Vida sofista: http://vidasofista.blogspot.com.br/2012/11/carl-sagan-ensaio-sobre-maconha.html

Huffington Post: http://www.huffingtonpost.com/2013/05/31/carl-sagan-marijuana_n_3367112.html

Original em: http://hermiene.net/essays-trans/mr_x.html

Suco de canábis como substituto de medicamentos convencionais

marijuana-juice-1000x666

Por: Daia Florios

Embora os resultados possam não ser grande coisa para muitos, em todo o mundo, muitas pessoas estão começando a acordar para os enormes benefícios medicinais que a cannabis tem para oferecer.

Um estudo recente realizado pelo Instituto de Psiquiatria Molecular na Universidade de Bonn, na Alemanha, descobriu que a ativação do sistema canabinóide no cérebro provoca a liberação de antioxidantes que agem como um mecanismo de limpeza. Este processo é conhecido para remover as células danificadas e melhorar a eficiência das mitocôndrias, suas fontes de energia. O estudo foi publicado na Philosophical Transactions da Royal Society.

Existe uma grande quantidade de estudos que comprovam a potencialidade na cannabis na cura de doenças, inclusive o câncer.

Da mesma forma, uma outra quantidade de estudos comprovam os malefícios da cura com medicamentos, que podem matar mais de 100.000 pessoas a cada ano, e que uma dieta baseada em vegetais pode prevenir mais de 60% das mortes por doenças crônicas.

É hora de perder o nosso estigma sobre a cannabis. A única razão pela qual nós a vemos como uma coisa negativa é porque a cannabis ameaça vários setores (inclusive a indústria farmacêutica) além de poder incidir fortemente no setor agrícola como substitutiva do algodão, do petróleo e muito mais. A Cannabis tem mais de 50.000 usos e poderia ajudar a transformar o nosso mundo. Estas informações geralmente são ofuscadas pela violência causada pelo tráfico de drogas, assunto completamente fora da discussão sobre os benefícios da planta, que tratamos aqui.

Os canabinóides têm sido comprovados como úteis na redução das células cancerosas, pois têm um grande impacto sobre a reconstrução do sistema imunológico. Embora nem todos os gêneros de cannabis tenham o mesmo efeito, mais e mais pacientes estão vendo o sucesso na redução do câncer em um curto período de tempo usando a cannabis. Ao contrário do pensamento popular e sua crença, fumar a cannabis não ajuda no tratamento da doença dentro do corpo, pois os níveis terapêuticos não podem ser alcançado através do fumo. Comendo a planta ou o óleo dela extraído, é a melhor maneira de obter os canabinóides que são as substancias benéficas.

Outro aspecto no fumar a cannabis que deve ser considerado é o fato que, quando a cannabis é aquecida e queimada ela muda a sua estrutura química e a acidez do THC muda a sua capacidade terapêutica. Além disso, sempre que se queima e se inala algo, cria-se uma oxidação dentro do corpo. Essa oxidação não é saudável para o corpo e pode conduzir a problemas de saúde em si. É por isso que os antioxidantes são uma parte importante de qualquer dieta saudável.

Veja aqui um vídeo sobre o tratamento com a cannabis, usada crua em sucos.

Fonte: [ Growroom ]

Jean Wyllys protocola projeto que pede a regulamentação da maconha

Para deputado, “guerra às drogas” é um fracasso que apenas criminaliza jovens da periferia. “Parlamento brasileiro precisa reconhecer que a política de ‘guerra às drogas’ é um fracasso e só produz violência, morte e a criminalização da pobreza”, acredita

Por Redação

jean_wyllys

O deputado federal Jean Wyllys (Psol-RJ) protocolou na tarde hoje (19) o projeto de lei 7270/2014 que visa regulamentar o plantio, o uso recreativo e a comercialização da maconha em todo o território brasileiro. Wyllys afirma que o “parlamento brasileiro precisa reconhecer que a política de ‘guerra às drogas’ é um fracasso e só produz violência, morte e a criminalização da pobreza”.

Na defesa de seu projeto, Wyllys questiona a “legislação que proíbe a maconha e as outras drogas de um lado e, por outro lado, todo um sistema de produção e comercialização que funciona, sem qualquer impedimento, no mundo real”. O parlamentar também argumentou que quase sempre quem morre na mão da polícia ou de uma facção rival são “os pobres, favelados e na maioria dos casos, jovens negros” e que, logo depois que morrem, são substituídos e o comércio ilegal continua.

Jean Wyllys também declarou que é necessário haver um controle sobre a qualidade da substância comercializada. “Ninguém sabe a composição da droga que é vendida, sua qualidade não passa por qualquer tipo de fiscalização nem precisa se adequar a nenhuma norma, o consumidor não recebe qualquer tipo de informação relevante para a sua saúde e segurança, diversos processos de industrialização (como o prensado de maconha para fumo com amônia, altamente tóxica) são realizados sem qualquer fiscalização. Não há restrições à venda que impeçam o acesso dos menores de idade a esse comércio ilegal — seja como compradores, seja como vendedores ou ‘soldados’ do tráfico. Está tudo errado!”, criticou.

Wyllys reconheceu que o projeto é polêmico, mas disse esperar que a partir do seu PL seja realizado um debate nacional e declarou que o “Brasil precisa mudar”. Além da Câmara dos Deputados, no Senado também corre uma iniciativa que está sob relatoria do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que vai realizar uma série de audiências públicas podendo, posteriormente, construir um projeto de lei sobre o assunto.

Para conhecer o projeto de lei sobre a regulamentação e comercialização da maconha no Brasil, do deputado Jean Wyllys, [ clique aqui ].

Fonte: [ Portal FORUM ]

Depoimento: mãe de maconheiro

Quando o assunto envolve mãe e maconha logo imaginamos mais um caso de atrito familiar, mas desta vez é diferente sendo um caso de apoio ao debate e esclarecimento em família.

“Mãe que é mãe respeita e ama, mesmo não concordando!!!”

Fonte: [ Smoke Buddies ]