Awara Nane Putane

Um curta-metragem em animação que conta o mito de origem do uso tradicional da ayahuasca e da cultura yawanawa, povo indígena do tronco Pano que vive no coração da floresta amazônica, nas margens do Rio Gregório, no Estado do Acre.

O filme foi realizado por meio de oficinas de desenho e de contação de histórias na aldeia Nova Esperança. Os diálogos e músicas, em idioma yawanawa, foram gravados na própria comunidade, no meio da floresta.

O projeto foi selecionado pelo Edital de Fomento ao Curta Metragem do MINC/SAV e teve apoio cultural do Governo do Estadodo Acre, por meio do DERACRE e Fundação de Comunicação e Cultura Elias Mansour, Fundaçãode Cultura Municipal Garibaldi Brasil, Funerária São João Batista, ABD&C Acre, Wave Produções e VT Publicidade.

Na Amazônia, uma disputa entre cônsul e Ibama pelo livro sagrado

Receitas xamânicas foram produzidas e compiladas em livro na língua nativa da etnia Kaxinawá, em aldeia (na foto) localizada no Baixo Rio Jordão (AC) Divulgação/Ibama
Receitas xamânicas foram produzidas e compiladas em livro na língua nativa da etnia Kaxinawá, em aldeia (na foto) localizada no Baixo Rio Jordão (AC) Divulgação/Ibama

RIO – A ação de uma ONG baiana, presidida pelo cônsul honorário da Holanda em Salvador, numa terra indígena no Acre, quase na fronteira com o Peru, pôs o Ibama em alerta e se transformou em mais um rumoroso episódio de suspeita de acesso ilegal ao patrimônio genético da biodiversidade brasileira. Em jogo, o conteúdo de um livro da etnia Kaxinawá, com a linguagem e as receitas xamânicas relacionadas a 516 ervas medicinais, que teriam o poder de curar 386 tipos de doenças tropicais, especialmente provocadas pelo contato entre o homem e outros animais.

O caso remonta ao ano de 2010, quando o etnomusicólogo brasileiro Ricardo Pamfilio de Souza, financiado pela ONG Arte, Meio Ambiente, Educação e Idosos (Amei), entrou em contato com o pajé Augustinho, da Terra Indígena Kaxinawá do Baixo Rio Jordão (AC), uma das onze áreas oficialmente povoadas pela etnia em solo brasileiro. O Brasil tem cerca de 6 mil índios Kaxinawá. Outros 4 mil vivem no Peru.

Da conversa entre o visitante e o pajé, surgiu o projeto para publicar um livro, em língua nativa, cujo objetivo seria preservar a cultura e o Hãtxa Ruin — a língua dos Kaxinawá. Ocorre que, para “preservar a linguagem escrita”, Panfílio diz que o pajé Augustinho escolheu justamente o conteúdo secular das receitas xamânicas, o “Livro Vivo dos Kaxinawá”, um tesouro da biodiversidade amazônica que, inclusive, já foi alvo de estudos e publicações de botânicos brasileiros, mas com anuência do Conselho de Gestão do Acesso ao Patrimônio Genético (Cgen), presidido pelo Ministério do Meio Ambiente.

A Funai informa que não mediou o acordo entre a Amei e os Kaxinawá e que a comunidade não se beneficiou da ação. Para o Ibama, o livro “pode conter um conjunto de ‘senhas’ para usos de plantas medicinais brasileiras, potencialmente úteis à saúde humana e cobiçadas pela indústria farmacêutica mundial”.

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Passado, presente e futuro do cultivo de Seringueira no Acre (II)

por Evandro José Linhares Ferreira (1) & Raimundo Barros Lima (2)

Em 2010 a produção brasileira representou apenas 30% das 430 mil toneladas de borracha natural consumidas pelo mercado nacional.

Segundo o Ministério da Agricultura, até 2030 a demanda interna saltará para cerca de um milhão de toneladas por ano.

Diante da forte perspectiva de aumento no consumo e buscando diminuir a dependência das importações, o Governo Federal criou, para a safra 2010/2011, o Programa de Agricultura de Baixo Carbono, que conta com uma linha de crédito de R$ 2 bilhões, no qual o cultivo de seringueiras tem lugar destacado por seu longo ciclo de produção.

Os investimentos no aumento da produção nacional de borracha natural estão, portanto, solidamente calcados em um sincero interesse por parte do governo, que busca a auto-suficiência na produção nacional, e em uma demanda real por parte do mercado.

E são muitas as vantagens advindas da sonhada auto-suficiência na produção de borracha no país: geração de emprego, renda e incremento na arrecadação de impostos nos estados produtores, além da economia de valiosas divisas usadas para pagar a importação de borracha de países asiáticos, que monopolizam a produção e o comércio internacional de borracha.

Em 2010 o Brasil importou US$ 790 milhões, valor que poderá ultrapassar os US$ 2,16 bilhões em 2020 se for mantido o ritmo de crescimento do consumo interno e os preços médios de importação observados em janeiro de 2011.

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